Tradição dos tapetes coloridos encanta no Rio de Janeiro
Os tapetes de Corpus Christi, montados em frente à Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Avenida Chile, centro do Rio de Janeiro, são uma tradição que atrai fiéis de paróquias e movimentos religiosos de diversos bairros. Desde as primeiras horas da manhã, voluntários começaram a confeccionar os 50 tapetes, usando sal grosso, serragem, borra de café e corantes, para estarem prontos ao meio-dia.
Tiago Pereira, jovem vocacionado que se prepara para ser padre, saiu de casa em Madureira às 4h20 para participar pelo quarto ano consecutivo da montagem dos tapetes com amigos do Grupo Vocacional Arquidiocesano (GVA). “A confecção de tapetes é uma forma diferente de adoração ao Senhor. Essa festa do Corpo de Cristo é para mostrar ao mundo que Jesus está presente na eucaristia”, explicou.
Ao lado do tapete do GVA, a escola de samba Salgueiro também marcou presença, confeccionando um tapete com a imagem de São Sebastião. Vitor Brito, diretor de Comunicação do Salgueiro, destacou a iniciativa do padre Wagner, pároco da Igreja de Santa Rita e São Jorge, em estreitar laços entre a escola de samba e a Igreja Católica.
União religiosa é destaque
O Instituto Religare, que reúne representantes de 28 religiões, preparou um tapete para simbolizar a união entre as diferentes crenças. Luzia Lacerda, presidente do Instituto, ressaltou a importância da paz entre as religiões e lembrou que este é o quinto ano de participação do grupo na procissão de Corpus Christi no Rio.
Recorde em São Gonçalo
Em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, fiéis confeccionaram o maior tapete do estado, com dois quilômetros de extensão. O bispo auxiliar da Arquidiocese de Niterói, dom Geraldo de Paula, celebrou a alegria dos participantes e destacou a importância da tradição na celebração de Jesus Cristo.
Celebração no Cristo Redentor
No Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor, o arcebispo dom Orani Tempesta abriu a Semana do Meio Ambiente com a confecção de um tapete sustentável. Feito por jovens com borra de café, serragem, casca de ovo e sal colorido, o tapete apresentava os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Após a celebração, os materiais foram encaminhados para compostagem.
São Paulo e Brasília
Em São Paulo, a solenidade de Corpus Christi reuniu fiéis na Praça da Sé, onde o cardeal Odilo Pedro Scherer celebrou a missa campal. Dom Odilo ressaltou a importância da comunhão e lembrou dos mais necessitados. A cidade de Santana do Parnaíba também manteve a tradição, com a confecção de 60 tapetes ao longo de 850 metros.
Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios foi o palco da celebração, onde os fiéis confeccionaram um tapete de 125 metros. O cardeal dom Paulo Cezar Costa incentivou a doação de alimentos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
História e significado
A tradição dos tapetes de Corpus Christi foi trazida para o Brasil pelos portugueses como forma de evangelização. A solenidade ocorre sempre na quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade, conforme recomenda o Código do Direito Canônico. A celebração começou em 1264 com o papa Urbano IV e teve origem em 1247, em Liège, na Bélgica. Em 1313, o papa Clemente V estabeleceu a festa como um evento de caráter mundial.
