Não há dúvidas de que o povo de União Bandeirantes não tem medo de arregaçar as mangas para trabalhar. Recentemente, no dia 9 de junho, em pleno domingo de manhã, um grupo de oito taxistas se reuniu e colocou a mão na massa na ponte da Linha do Contra, que estava se apresentando em um estado precário. Resultado, antes das 13h a travessia estava como nova!
Quem conta a história é o presidente da Associação dos Taxistas de União Bandeirantes, que foi fundada no ano passado e hoje tem 16 integrantes. “A ponte fica a uns 8 ou 10km da BR-364 pra cá. É caminho em que a gente, que é taxista, passa todo santo dia, indo e vindo de Porto Velho”, explica o taxista Weder Silva Laurindo, 28 anos, 15 dos quais vivido na boa terra de União Bandeirantes.
Weder explicou que ele e os outros taxistas estavam passando lá, como em todos os dias, quando perceberam que as pranchas estavam ficando soltas, enviesadas e aquele madeirame todo estava é ficando bom para rasgar um pneu ou, quem sabe, causar um acidente pior. “Hoje em dia um pneu mais em conta aí custa R$ 350, R$ 400, entao reformar a ponte ficaria mais em conta”, estimou.
Dito e feito. O grupo conferiu que as pranchas de madeira da ponte estavam até que em bom estado, mas soltas. O movimento dos carros e caminhões estava trabalhando nas madeiras e afrouxando diariamente os pregos, até que ficou perigoso passar no local. No final das contas, não foi preciso gastar muito. “Levamos mais ou menos meio dia de trabalho”, narrou Weder, contabilizando que o que se gastou de material foi basicamente prego e parafusos, que foram adicionados à estrutura, a fim de proporcionar maior firmeza às pranchas na base da ponte. “A gente saiu de casa por volta das 6h e terminamos o serviço lá pelo meio dia, uma hora da tarde”.
A associação decidiu não procurar nenhuma autoridade para fazer o serviço e puxou a responsabilidade para si. “Na verdade aqui a gente é muito precário em termos de autoridades”, reclama. “Domingo é um dia em que geralmente as pessoas têm algum compromisso, ou vai pra casa de um parente. Muitos são evangélicos e também têm compromissos com as suas igrejas. Então decidimos de última hora e fomos lá, oito associados. Não teve ninguém de fora. O grupo que a gente vê nas fotos, somos nós, oito taxistas”.
Weder lembrou que não foi a primeira vez que o grupo se uniu para ajudar na recuperação de uma ponta na região. “Numa ponte que fica aqui bem perto de União Bandeirantes, que fica a uns 3 quilômetros daqui da cidade, a Ponte do São Francisco, pouca gente sabe, mas a gente ajudou com alimentação lá, umas duas vezes, desde arroz, feijão, carne, para o pessoal que estava trabalhando porque só o pessoal da prefeitura não ia dar conta” , recorda. “Estavam em quatro homens, apenas. Imagina, quatro homens para refazer uma ponte, não dá, ne? Então o povo se juntou lá, nós também cooperamos”, arremata.
O problema da falta de representatividade
Um motivo da precariedade de serviços do Poder Público em União Bandeirantes apontado pelo presidente da Associação de taxistas é a falta de representatividade na Câmara de Vereadores. Weder reclama daquilo que todo o povo de União Bandeirantes sabe: a falta de poder de barganha do distrito na esfera política da Capital, Porto Velho, à qual o distrito faz parte.
Para o taxista, União Bandeirantes tem votado errado, pulverizando demais os votos na hora de escolher um representante para a Câmara Legislativa, na Capital. O problema nem é exatamente do eleitor, mas um conjunto de fatores que o presidente da associação indica: poucos eleitores com título transferido para o distrito; muitos candidatos que não querem desistir da candidatura em nome de um projeto político plausível para o distrito; e a pulverização do voto, que nem sempre vai apenas para os candidatos de União Bandeirantes. “Tem muito candidato de fora que leva os votos daqui”, aponta Weder.
A solução? Para o taxista, é preciso diálogo entre as próprias lideranças políticas que hoje apresentam pré-candidaturas a vereador(a), para que alguém abra a mão a fim de garantir que pelo menos uma candidatura avance e chegue de fato ao Poder Legislativo Municipal: “Enquanto não tiver isso, infelizmente a gente vai continuar no prejuízo”.



