Da Redação O Bandeirante News
União Bandeirantes convive com abandono estrutural e cobra ações permanentes, sem paliativos
Localizado a cerca de 160 quilômetros de Porto Velho, o distrito de União Bandeirantes enfrenta há anos uma série de problemas estruturais que impactam diretamente a rotina e a qualidade de vida de seus moradores. Ruas deterioradas, falhas na limpeza urbana, dificuldade de acesso em diversos pontos e precariedade das estradas vicinais estão entre as principais reclamações da população, que afirma conviver com o descaso, especialmente durante o período chuvoso.
No núcleo urbano, muitas vias se tornaram praticamente intransitáveis. Em vez de buracos, moradores relatam a presença de verdadeiras valas abertas pela força da água, que impedem o tráfego de veículos e até a circulação de pedestres. Em algumas ruas, passagens improvisadas com pedaços de madeira ainda são a única forma de travessia — uma situação que, segundo a comunidade, persiste há décadas sem solução definitiva. Entre as vias mais críticas estão as ruas Dr. Roberval, Chiquilito Erse, Castro Alves e Buritis, além de várias outras que não fazem parte do projeto de drenagem atualmente em execução no distrito.
Apesar de operações pontuais realizadas pela Prefeitura de Porto Velho, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Semagric), nos meses de abril e novembro de 2025 — com recuperação de estradas e pontes em áreas vicinais — os moradores avaliam que as ações são insuficientes diante da dimensão dos problemas. A ausência de máquinas fixas no distrito, de equipes permanentes de manutenção e de uma sede administrativa local dificulta o atendimento rápido das demandas diárias.
“Falta estrutura básica. Precisamos de máquinas disponíveis aqui, de trabalhadores para limpeza e manutenção e de um local onde a população possa buscar respostas. Muitas vezes, é preciso procurar diretamente o administrador para relatar os problemas”, relatam lideranças comunitárias.
A situação da limpeza urbana também é alvo constante de críticas. Segundo os moradores, os serviços se concentram quase exclusivamente na Avenida 3 de Dezembro, principal via do distrito, enquanto outras áreas, como a Avenida 14 de Julho, ficam frequentemente fora do cronograma. Com as chuvas, resíduos, lama e entulhos são arrastados para as ruas, gerando mau cheiro e agravando a sensação de abandono. O descarte irregular em terrenos baldios e vias públicas é outro problema recorrente, agravado pela falta de um local adequado para destinação do lixo.
Mesmo com apelos da própria comunidade por mais conscientização, os moradores destacam que a responsabilidade pela coleta eficiente e retirada de entulhos, restos de poda e resíduos maiores é do poder público. Com uma população estimada em cerca de 30 mil habitantes, União Bandeirantes possui dimensão maior do que muitos municípios do estado, mas carece de estrutura compatível com esse porte.
Estradas vicinais e pontes agravam isolamento no campo
No meio rural, a situação é igualmente preocupante. União Bandeirantes possui uma extensa rede de estradas vicinais, fundamental para o escoamento da produção agrícola, baseada principalmente no café, cacau, pecuária, leite e banana. A falta de manutenção contínua das vias e a precariedade de diversas pontes de madeira comprometem o transporte da produção e isolam comunidades inteiras, sobretudo durante o inverno amazônico.
A Semagric informou que, recentemente, 11 pontes foram recuperadas na região, garantindo condições mínimas de trafegabilidade. No entanto, com aproximadamente mil quilômetros de estradas vicinais sob responsabilidade do distrito, a demanda é permanente e exige planejamento mais amplo. Moradores também cobram reparos e sinalização adequados na ponte sobre o rio São Francisco, onde ocorreu um acidente, mas nenhuma intervenção foi realizada após o ocorrido.
Comunidade cobra soluções estruturais
Diante do cenário, moradores e lideranças de União Bandeirantes intensificam a cobrança por medidas efetivas das autoridades municipais, estaduais e federais, em especial da Prefeitura de Porto Velho — por meio da Superintendência dos Distritos, Semusb e Semagric —, do administrador distrital, dos representantes na Câmara Municipal e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RO).
A população pede o fim das ações pontuais e emergenciais e reivindica um plano contínuo de infraestrutura, com cronograma público e transparente de limpeza urbana e rural; encascalhamento e patrolamento regulares das ruas e estradas, com material de qualidade; manutenção e reconstrução das pontes de madeira; além de suporte efetivo da Superintendência dos Distritos, com contratação de garis, disponibilização de máquinas e caminhões caçamba para dar autonomia à administração local.
Há ainda expectativa em torno das promessas de pavimentação asfáltica para algumas ruas do distrito, vistas como um primeiro passo para melhorar a mobilidade e a segurança viária. Para os moradores, no entanto, o avanço só será real quando o poder público assumir um compromisso duradouro com União Bandeirantes, garantindo infraestrutura compatível com a importância econômica e populacional do distrito.
União Bandeirantes vive abandono crônico e cansaço com promessas eleitorais
O que já foi difícil, hoje se tornou insustentável. A realidade enfrentada pelos moradores do distrito de União Bandeirantes, em Porto Velho, é marcada pelo abandono do poder público e por uma sequência interminável de promessas que nunca saem do papel. A cada novo ciclo eleitoral, o cenário se repete: o distrito se transforma em palco político, repleto de discursos vazios e compromissos que não resistem ao fim das urnas.
Durante o período de campanha, União Bandeirantes recebe uma enxurrada de candidatos dos mais variados partidos e correntes ideológicas. Alguns sequer conhecem a rotina da comunidade, nunca pisaram no distrito antes, mas chegam com projetos mirabolantes, promessas genéricas e soluções que ignoram a realidade local. O movimento é tão intenso que moradores ironizam, comparando o cenário a um verdadeiro “festival de candidatos”, onde muitos disputam espaço, mas poucos demonstram compromisso real.
Passada a eleição, porém, o silêncio toma conta. Os mesmos políticos que apertaram mãos, discursaram em praças improvisadas e prometeram mudanças urgentes simplesmente desaparecem. Não retornam para prestar contas, não dão satisfação e tampouco apresentam resultados concretos. Para a população, fica a sensação de ter sido usada mais uma vez como instrumento eleitoral.
O desgaste é visível. Moradores relatam frustração, descrença e cansaço diante de um ciclo que se repete há anos sem avanços significativos. A falta de infraestrutura, investimentos e políticas públicas efetivas reforça a percepção de que União Bandeirantes só é lembrada quando convém politicamente.
Enquanto promessas continuam sendo empilhadas a cada eleição, a comunidade segue esperando por ações reais, respeito e compromisso. O recado dos moradores é claro: União Bandeirantes não quer mais discursos — quer soluções concretas e presença permanente do poder público, não apenas visitas em época de voto.
Após apostar no “novo”, União Bandeirantes cobra resultados e respeito do poder público
A esperança de mudança levou a população de União Bandeirantes a acreditar no discurso do “novo”. No entanto, passado o período inicial, o sentimento predominante na comunidade é de frustração. Para os moradores, o que foi apresentado como renovação ainda não demonstrou, na prática, a que veio. O distrito segue aguardando ações efetivas, duradouras e compatíveis com sua realidade — não medidas paliativas nem discursos repetidos.
A principal cobrança é clara: problemas estruturais não se resolvem com agendas protocolares, reuniões sucessivas ou visitas institucionais a secretarias. A comunidade afirma que a solução não virá apenas de encontros formais ou promessas futuras, mas de decisões objetivas, investimentos contínuos e políticas públicas que permaneçam independentemente de calendário eleitoral.
Com uma população estimada em quase 30 mil habitantes, União Bandeirantes enfrenta desafios históricos que exigem planejamento sério e execução eficiente. Ainda assim, moradores relatam que, em vez de um projeto consistente de desenvolvimento, o distrito recebe ações pontuais, como a entrega de uma ambulância, pequenas reformas isoladas ou intervenções emergenciais que não atacam a raiz dos problemas.
Para a comunidade, esse tipo de postura soa como desrespeito. União Bandeirantes não é apenas um reduto eleitoral: é um distrito formado por trabalhadores e contribuintes que ajudam a movimentar a economia e a arrecadação pública. Por isso, os moradores reforçam que não aceitam ser tratados com medidas superficiais ou soluções improvisadas.
O recado é direto e firme: o distrito não pede favores, pede respeito. E respeito, na visão da população, se traduz em ações concretas, planejamento de longo prazo e presença permanente do poder público — não apenas em momentos de crise ou conveniência política.
Fica aqui o espaço aberto para que as autoridades competentes se manifestem, desde que apresentem compromissos claros, objetivos e com ações concretas para o distrito de União Bandeirantes.
Texto: Paulo Cabral
Fotos cedidas pelo Site Flor do Mamoré
