Por: Paulo de Tarso – Jornalista
A influência de líderes religiosos na política brasileira deixou de ser exceção e passou a ocupar espaço central no debate público. Com milhões de fiéis, presença midiática e forte capacidade de mobilização, esses líderes se tornaram atores políticos relevantes, capazes de interferir em eleições e decisões institucionais.
O ponto mais sensível dessa relação é o dinheiro. Igrejas possuem imunidade tributária, mas a linha entre atividade religiosa e atuação política nem sempre é nítida. O uso de estruturas religiosas para promover candidaturas, ainda que de forma indireta, levanta questionamentos sobre abuso de poder econômico e religioso.
A ocupação de cargos públicos por líderes religiosos e a força das bancadas confessionais também reacendem o debate sobre a laicidade do Estado. Embora a participação política seja legítima, o risco surge quando dogmas se sobrepõem a critérios técnicos e ao interesse coletivo.
O desafio da democracia não é excluir a fé do espaço público, mas garantir transparência, limites claros e respeito às regras. Quando religião, dinheiro e política se misturam sem controle, quem perde não é a fé — é a própria democracia.


