O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (13) uma ordem para a implementação de tarifas recíprocas, mirando países que, segundo seu governo, impõem impostos desproporcionais sobre produtos americanos. Um dos principais alvos da medida é o etanol brasileiro, que enfrenta uma tarifa de 18% no Brasil, enquanto o etanol dos EUA paga apenas 2,5% para ser vendido no mercado americano.
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões para o Brasil”, diz um documento da Casa Branca.
O governo brasileiro já havia sido alertado sobre possíveis sanções no setor de etanol, mas o impacto pode se estender a outros produtos.
As tarifas não serão aplicadas de imediato. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que um estudo será finalizado até 1º de abril, identificando os países que serão alvos das novas taxas. A implementação ocorrerá gradualmente, caso a caso, priorizando os países com os quais os EUA possuem os maiores déficits comerciais.
Trump justificou a medida alegando que busca “justiça” no comércio internacional:
“Queremos um jogo equilibrado. Se nos impuserem uma tarifa ou imposto, nós aplicaremos exatamente o mesmo nível de tarifa ou imposto, é simples assim.”
O Brasil pode ser afetado em mais áreas além do etanol. O sócio da One Investimentos, Pedro Moreira, afirma que outros produtos podem entrar na mira das tarifas americanas, como minério de ferro, aço, carnes, café e alimentos processados.
O impacto pode ser significativo para exportadores brasileiros, especialmente após Trump já ter anunciado, na segunda-feira (10), um aumento nas tarifas sobre importações de aço e alumínio. A taxa subiu para 25%, e o Brasil perdeu isenções que vigoravam desde 2018.
Economistas alertam que as novas tarifas podem elevar a inflação nos EUA, ao aumentar os custos de importação. Dados recentes mostram que os preços ao consumidor no país já cresceram no ritmo mais acelerado em quase um ano e meio.
Além do Brasil, as novas tarifas devem atingir China, Japão, Coreia do Sul e União Europeia, principais parceiros comerciais dos EUA.
Durante o anúncio, Trump também ameaçou os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com uma tarifa de 100%, caso sigam adiante com planos de criar uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais.
“Se qualquer negociação passar, será uma tarifa de 100%, no mínimo”, declarou o presidente americano.
As declarações de Trump ocorrem no mesmo dia em que ele recebe o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, na Casa Branca. O governo americano pressiona a Índia a reduzir tarifas sobre produtos dos EUA, enquanto Modi negocia concessões para evitar sanções comerciais.
Com a crescente tensão no comércio internacional, o Brasil e outros países exportadores aguardam os desdobramentos da política protecionista de Trump, que pode afetar diversos setores da economia.
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