A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (22), em Rio Branco (AC), a Operação Smoke II, segunda fase de um inquérito que apura crimes ambientais e fundiários na região amazônica. A ação tem como foco um esquema de grilagem e falsificação documental que, segundo as investigações, movimentou mais de R$ 70 milhões em bens e valores.
De acordo com a Polícia Federal, os agentes cumprem seis mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva e ordens judiciais de sequestro de patrimônio, todos expedidos pela 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Amazonas. A investigação concentra-se no município de Boca do Acre (AM), onde o grupo atuava de forma organizada para se apropriar ilegalmente de terras públicas.
Crimes ambientais e falsificação
As apurações indicam que a associação criminosa foi responsável pelo desmatamento de mais de 900 hectares de floresta nativa, seguido de queimadas ilegais para preparar o solo para a pecuária clandestina. O grupo também teria recorrido à falsificação de documentos, uso de “laranjas” e contratos simulados, além da inserção de dados falsos em sistemas oficiais, com o objetivo de mascarar a verdadeira posse das áreas.
Segundo a Polícia Federal, os criminosos arrendavam ilegalmente áreas embargadas, introduziam rebanhos bovinos e criavam cadeias documentais fictícias para escapar de punições administrativas e criminais. A estrutura montada pela quadrilha garantia a aparência de legalidade às atividades ilícitas.
Estrutura sofisticada e atuação continuada
Os investigadores descrevem o esquema como sofisticado e de longa duração, voltado à exploração econômica da Amazônia em detrimento da União e da sociedade. O objetivo central era transformar terras públicas em áreas destinadas à atividade pecuária, gerando lucro a partir da devastação ambiental e do uso de mecanismos fraudulentos de regularização fundiária.