A ordem oficial nas aldeias digitais bolsonaristas é seguir clamando por novas sanções dos EUA contra o Brasil, no campo econômico, com taxações, e político, impondo a famigerada Lei Magnitsky a outros atores do universo do poder de Brasília, para além do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o deputado federal lesa-pátria que abandonou o país no fim de fevereiro deste ano para atormentar Donald Trump cobrando ataques à sua própria nação, segue na mesma toada e já ventilou até “mandar caças F-35 e porta-aviões” para as águas territoriais brasileiras.
Só que, no mundo real, Jair Bolsonaro (PL) já fez saber que não quer mais nenhuma sanção sendo imposta ao Brasil. Nada, nadinha. E ele tem um forte motivo para isso.
Na tarde desta segunda-feira (15), o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou que o Brasil será alvo de novas retaliações por conta da condenação do ex-presidente de extrema direita amigo de Trump. Ele não disse o que vem por aí, mas já se tem uma noção bastante ampla do próximo passo: ampliação da aplicação da Lei Magnitsky contra os outros três ministros que votaram pela condenação de Bolsonaro (Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin), a esposa e os filhos de Alexandre de Moraes e, possivelmente, os ministros Luís Roberto Barroso, ainda na presidência da Corte, e Gilmar Mendes, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Há ainda uma especulação sobre o aumento de tarifas aos produtos brasileiros exportados para os EUA.
E é justamente aí que mora o problema que faz Jair Bolsonaro tramar nos bastidores o fim de qualquer nova medida contra os juízes que o condenaram. Nos bastidores de Brasília, é amplamente sabido que será negado qualquer pedido de prisão domiciliar apresentado ao STF logo após a prisão de Bolsonaro numa cadeia comum (algo que deve ser interposto na segunda semana após seu encaminhamento para cumprimento de pena, o que ainda não tem data certa). No entanto, há um trabalho árduo longe dos holofotes para que um “acordo” costurado no meio do ano possa ser resgatado e aplicado.
O tal “acordo”, que era bastante comentado nas rodinhas de autoridades durante a realização do Fórum de Lisboa, nos primeiros dias de julho, versava sobre condenar Bolsonaro e, com duas semanas de cumprimento de pena, enviar o ex-presidente para prisão domiciliar. Àquela altura, os ataques de seu filho Eduardo e as sanções ainda não tinham se tornado reais. Poucos dias após o evento político, os ataques norte-americanos se confirmaram e a Fórum apurou que o “acordo” já não existia mais. Bolsonaro iria para a cadeia de qualquer forma.
De uma semana para cá, o que vem sendo trabalhada é a possibilidade de que Moraes e os demais ministros “se compadeçam” de Jair Bolsonaro e pouco tempo após o início do cumprimento de sua pena em regime fechado ele se encaminhado para casa. A chance, que já é próxima de zero, seria completamente nula diante de novas sanções. Mas há coisa pior.
É de conhecimento público na capital federal, e a Fórum confirmou tais conjunturas, que se novas sanções contra o Brasil foram impostas, Moraes e seus colegas de toga não só rejeitaram qualquer pedido de cumprimento de pena em caráter domiciliar de Bolsonaro como o manterão preso no Complexo Penitenciário da Papuda, seu maior medo, sob um regime rígido, embora numa cela individual e “especial”.
Diante de tal cenário, o ex-presidente golpista condenado vem dizendo ao filho e a interlocutores mais próximos que os ataques ao país e aos magistrados do Supremo devem cessar, pois ele tem plena consciência de que pagará um preço elevado se a referida hipótese se concretizar.
Fonte: Revista Fórum