RANCOR – Sem o aparato da máquina estatal, a candidatura de Sérgio Gonçalves não enche um Fusca — e ainda sobra banco vazio. Mais uma vez: Acir está inelegível. Ponto. Quem disser o contrário está vendendo esperança vencida. Aposto um destilado paulista contra uma pinga de Vilhena que, em 2026, o ex-senador continuará no banco de reservas.
AMADOR
Política não é território para diletantes nem para quem acredita que gratidão é artigo de luxo. É campo de guerra onde o diálogo e a confluência de interesses valem mais que bravatas. Quem chega ao poder pelas mãos alheias e depois apunhala o criador dificilmente sobrevive. Sérgio Gonçalves, vice-governador de Rondônia, é o exemplo acabado do amador que acha que a esperteza compensa a experiência.
Seus movimentos nos bastidores, mirando o governo, lembram coreografia de elefante em loja de cristal. Em três anos e dez meses de vice, aprendeu pouco e esqueceu muito. A ingratidão e o improviso são seus conselheiros. O resultado? Constrangimentos para quem o colocou onde está e risadas contidas nos corredores do poder.
PROPOSTA
Até agora, Sérgio Gonçalves não deu um passo rumo à reconciliação com o governador Marcos Rocha. As relações seguem azedas, e qualquer veleidade de candidatura do vice dependerá da boa vontade do titular. Rocha até flerta com a ideia de disputar o Senado, mas o flerte é frio. Sabe que renunciar e deixar o governo nas mãos de um vice ressentido seria um ato de fé — e não política.
RANCOR
Sem o aparato da máquina estatal, a candidatura de Sérgio Gonçalves não enche um Fusca — e ainda sobra banco vazio. Se tivesse senso político, adulava o criador com a devoção de um monge beneditino, buscando o entendimento que mantém vivos os projetos e as vaidades. Mas prefere a mágoa. Resultado: não tem grupo, partido, nem narrativa.
É caso raro de político que consegue perder os anéis, os dedos e ainda culpar a manicure. Se Marcos Rocha permanecer no cargo, Gonçalves será lembrado apenas como nota de rodapé. E olhe lá.
DESMENTIDO
Corre por aí que Sérgio Gonçalves teria proposto ao deputado federal Fernando Máximo (União Brasil) que desistisse da corrida ao governo em troca de uma candidatura ao Senado, numa chapa por ele liderada. Balela. O próprio Máximo negou à coluna. Menos mal.
Ainda assim, o vice insiste em mandar emissários aos prefeitos e parlamentares, tentando convencê-los a embarcar em seu projeto. Até agora, coleciona portas fechadas e suspiros de impaciência. Liderança não se improvisa — e Sérgio Gonçalves é a prova viva disso.
PERSONAGEM
Nas redes sociais, o vice virou personagem de si mesmo. A performance digital tenta vender um político que ele nunca foi — e que ninguém compra. O figurino lembra mais o irmão Júnior que o próprio Sérgio. O resultado é esteticamente duvidoso e politicamente suicida.
Na ânsia de parecer moderno, acaba soando artificial. A reinvenção pode render curtidas, mas dificilmente renderá votos.
INELEGÍVEL
Impressiona a fertilidade da imaginação jurídica dos que tentam ressuscitar políticos atingidos pela Lei da Ficha Limpa. Com o veto de Lula às mudanças que afrouxariam a norma — e que deixaram Ivo Cassol fora do páreo, como esta coluna alertou repetidas vezes —, agora tentam a mesma ginástica para livrar o ex-senador Acir Gurgacz.
Mais uma vez: Acir está inelegível. Ponto. Quem disser o contrário está vendendo esperança vencida. Aposto um destilado paulista contra uma pinga de Vilhena que, em 2026, o ex-senador continuará no banco de reservas.
MARQUISE
Quem não entende política municipal deve estar confuso com a novela da coleta de lixo em Porto Velho. Tudo começou na gestão de Hildon Chaves, que conduziu um processo longo e tumultuado para contratar a empresa responsável pelos resíduos sólidos. A Marquise venceu, e o Tribunal de Contas — sempre zeloso, mas neste caso pode ter sido exagerado — resolveu implicar com supostas irregularidades.
Hildon discordou, assinou o contrato e seguiu em frente. O TC, como de costume, ficou com a última palavra.
DETERMINAÇÃO
A Marquise, empresa experiente e reconhecida no setor, participou de licitação pública regular. Não tinha por que se preocupar com brigas institucionais entre prefeitura e Tribunal de Contas — até que o processo foi judicializado e o novo prefeito, Léo Moraes, herdou o abacaxi. Cumpriu a determinação do TC e suspendeu o contrato. Fez o que manda o figurino: obedeceu.
LIMINAR
Esta coluna folheou o processo e constatou: há elementos suficientes para que a Justiça decida logo. A liminar que devolveu à Marquise o serviço de coleta foi medida profilática — um antídoto contra o caos urbano. É uma empresa sólida que desempenha com competência suas atividades na capital há mais de três décadas.
Nos bastidores, o imbróglio cheira a disputa empresarial travestida de zelo jurídico. Mas o cidadão comum, cansado de lixo e lama, quer apenas que o caminhão passe na hora certa. E nisso, convenhamos, o juiz prestou um serviço melhor que muita gente que fiscaliza. E a cidade escapa da proliferação dos urubus. Parte superior do formulário