Duas promessas de valorização salarial aos praças foram descumpridas, gerando frustração e desmobilização da base militar
Servidores públicos se afastam do projeto político de Marcos Rocha
A relação do governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), com o funcionalismo público é marcada por promessas não cumpridas e privilégios direcionados a categorias específicas. Às vésperas de encerrar oito anos de mandato e já em pré-campanha ao Senado, Rocha enfrenta resistência de policiais militares praças, professores, trabalhadores da saúde e servidores da educação, setores que se sentem abandonados por sua gestão.
Privilégios a altos salários e promessas esquecidas
Com origem na Polícia Militar, o coronel Marcos Rocha priorizou oficiais de alta patente, deixando de lado compromissos assumidos com soldados, cabos e sargentos. Duas promessas de valorização salarial aos praças foram descumpridas, gerando frustração e desmobilização da base militar.
Situação semelhante é relatada por professores e servidores da saúde, que amargaram greves recentes sem avanços concretos. A valorização da educação e da saúde, defendida em discursos de campanha, não se materializou. Na prática, as categorias denunciam sucateamento, sobretudo no sistema de saúde, que hoje abriga o pior hospital público do Brasil, o João Paulo.
Enquanto isso, procuradores do Estado e oficiais militares foram contemplados com reajustes e benefícios, ampliando a percepção de desigualdade no tratamento do funcionalismo.
Protesto simbólico marca perda de confiança
Na noite de quinta-feira (11), a Associação dos Praças e Familiares da Polícia e Bombeiro Militar de Rondônia (ASSFAPOM) realizou um protesto simbólico em frente ao Centro Político-Administrativo (CPA), na Avenida Farquar, em Porto Velho. O ato, chamado de “enterro da palavra”, utilizou caixões, coroas e velas para simbolizar a morte da confiança nas promessas do governo.
A entidade relembrou que, em dezembro de 2023, mais de 300 profissionais se reuniram no Ginásio Cláudio Coutinho para tratar da equiparação salarial com representantes do Executivo, do Comando da PM e do Corpo de Bombeiros. O acordo, que previa colocar Rondônia entre os estados com melhores salários para militares, não saiu do papel.
Greves neutralizadas com apoio judicial
As greves de professores e trabalhadores da saúde também terminaram sem conquistas. Com apoio de decisões judiciais, o governo esvaziou as mobilizações. Para os sindicatos, ficou evidente a falta de disposição política em negociar melhorias estruturais para as categorias que recebem salários mais baixos.
Projeto de poder familiar
Além da candidatura ao Senado em 2026, Marcos Rocha articula a eleição da esposa, Luana Rocha, à Câmara Federal e de um de seus irmãos à Assembleia Legislativa. O governador é acusado por opositores de usar secretarias inteiras como moeda de troca para manter apoio político, loteando o governo em busca de sustentação dentro do União Brasil e de outras siglas.
Rejeição eleitoral em construção
O histórico de promessas descumpridas e a falta de valorização de categorias fundamentais devem ter impacto direto nas urnas. Policiais militares de base, professores, enfermeiros, médicos e servidores administrativos, que somam milhares de votos, dificilmente apoiarão o projeto político de Rocha.
O voto dos servidores pode ser decisivo para definir a eleição ao Senado em Rondônia. A insatisfação generalizada tende a enfraquecer a candidatura do governador, que já enfrenta resistência interna em seu próprio partido.