Da Assessoria
Durante a sessão na Câmara Municipal de Porto Velho, a vereadora Sofia Andrade (PL) fez um discurso contundente sobre os gastos públicos com a festa de 111 anos da capital. Embora tenha reconhecido a importância do evento para a valorização da cultura e da história da cidade, a parlamentar questionou os altos valores pagos a artistas nacionais e pediu mais transparência no uso do dinheiro público.
Sofia destacou que a celebração teve momentos marcantes, especialmente o retorno simbólico da Maria Fumaça, que emocionou moradores e reacendeu o orgulho de ser portovelhense. “Quando eu vi a Maria Fumaça apitando, eu chorei. Lembrei das histórias que meu pai e meus avós contavam sobre a época da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Foi um momento muito emocionante”, afirmou.
Apesar da homenagem simbólica, a vereadora cobrou responsabilidade no uso dos recursos públicos. Segundo ela, o contrato com a cantora Joelma, no valor de R$ 450 mil para duas horas de apresentação, e o cachê de mais de R$ 200 milpagos a uma dupla evangélica, contrastam com o baixo valor destinado aos artistas locais, que teriam recebido em média R$ 3 mil. “Quando a gente fala de festa, a gente fala de erário, de dinheiro do pagador de impostos. E temos que falar de compromisso e seriedade com o dinheiro do povo”, declarou Sofia.
A parlamentar informou que já enviou ofício à Prefeitura solicitando todos os detalhes dos contratos realizados para o evento. Ela também comparou a rapidez da gestão para contratar artistas nacionais com a lentidão em atender demandas estruturais do município. “Houve celeridade para contratar Joelma, mas até agora nenhuma faixa elevada foi construída, mesmo após quase dez meses de pedidos. Pessoas continuam morrendo em acidentes de trânsito porque a Prefeitura não abriu a contratação”, criticou.
Como forma de garantir mais controle sobre esse tipo de despesa, Sofia apresentou um projeto de lei que determina que todos os contratos de shows acima de R$ 100 mil passem pela avaliação da Câmara Municipal antes da assinatura. “A sociedade precisa saber qual é o nosso posicionamento. Muitas vezes, somos cobrados por decisões que não passam por nós. Se dependesse de mim, eu teria dado prioridade aos artistas locais e às igrejas, que também têm talentos incríveis em nossa cidade”, afirmou.
Encerrando seu pronunciamento, a vereadora reforçou o pedido de valorização dos artistas de Porto Velho e a necessidade de equilíbrio entre investimento cultural e responsabilidade fiscal. “Temos excelentes cantores de pagode, sertanejo, rap e música gospel em nossa cidade. É preciso valorizar quem é da terra, sem deixar de lado o compromisso com o dinheiro do povo”, concluiu.